Como foi a adaptação ao Sheffield e a Inglaterra, em 2012?
Foi horrível. Não me adaptei ao futebol, nem a nada. Era jovem, se calhar hoje tinha superado aquelas dificuldades do viver num país estrangeiro.
Quais foram as maiores dificuldades?
Primeiro, acho que o nosso país é um país maravilhoso e só damos valor quando estamos fora; depois, o facto de o céu ser quase sempre cinzento e o futebol não me estar a correr tão bem como eu pretendia.
Vivia sozinho?
Sim, vivia mesmo junto ao centro de treinos do Sheffield.
Os ingleses receberam-no bem?
Em Portugal temos sempre o cuidado de receber bem as pessoas e de fazer quem vem de fora sentir-se em casa e lá não é assim, é mais “desenrasca-te”, um povo um bocadinho mais frio, pelo menos na zona onde estive.
Os treinos, muito diferentes?
Sim, principalmente na pré-época, tínhamos três treinos por dia. O primeiro logo às sete ou oito da manhã, que era treino físico, sem bola; depois tínhamos uma paragem para comer qualquer coisa e íamos para o ginásio. Depois do ginásio, tínhamos o almoço e, passado pouco tempo, já estamos novamente a treinar. Era assim, todos os dias.
Chegou a jogar?
Jogar, não. Porque eu fiz a pré-época e não estava mesmo a adaptar-me. Já estava mentalizado que não ia dar.
O que custava mais na adaptação?
O facto de estar longe de tudo e de todos foi a principal razão. Nem sequer tinha capacidade para me superar em campo. As opções sempre do treinador, tal como em todo o lado, mas eu não as compreendia e não fazia sequer por mudar a opinião dele. Não demonstrava em campo que merecia estar no 11 e comecei a conformar-me com isso. Tanto que mantinha contacto com o Estoril. O Marco Silva contactou-me, dizia que gostava que eu voltasse, eu como já tinha isso na cabeça, vou voltar, a minha resiliência foi zero, rigorosamente zero.