Há sete anos, acabado de ser bicampeão mundial, John John Florence habitava nas nuvens. Era a consumação de um talento há muito anunciado do Havai para o mundo finalmente a explodir e a ser dominador nas ondas, incluindo um título celebrado em Peniche. Depois, porém, vieram os problemas: lesões graves, uma delas no joelho, desmotivação e incertezas. Um dos melhores surfistas de todos os tempos tem hoje 31 anos e chegou a Portugal para competir na etapa da Praia de Supertubos do circuito mundial como líder do ranking. Ainda tem fome de conquistas, mas, prestes a ser pai, sabe que essa vontade não deve durar muito mais tempo.
O loiro já trintão cuja alcunha é a repetição do primeiro nome não esconde que passou um mal bocado nos últimos anos. Em 2019 raramente competiu, preso a terra firme por uma lesão no joelho e 2021 foi parecido. Entretanto, ponderou parar, custou-lhe arranjar motivação e cedeu a treinar em demasia, fustigando o corpo e a cabeça por arrasto. Destinado a varrer o surf com títulos mundiais por todos os que se lembram de assistir a vídeos dele, ainda uma amostra de pessoa, a fazer-se às ondas no Havai com a cabeleira amarela, John John Florence conquistou a coroa em 2016 e 2017. Um dos títulos chegou quando estava na areia nos Belgas, praia na periferia de Supertubos, fora do mar.
Para já, rejuvenescido e pleno de energia que julgava perdida algures, o havaiano não se vê a abdicar da competição em breve. “Estou a levar isto um ano de cada vez”, admite. Mas garante que já se está a divertir e a desfrutar de competir no Championship Tour outra vez. Daí a licra amarela, por isso o sorriso que tem na cara.
Da última vez que falámos chegaste como campeão do mundo a Peniche, em 2017, disseste que um dia querias navegar de veleiro entre etapas do circuito. Já o conseguiste?
Não, a agenda vai mudando muito para que consiga realizar esse sonho [ri-se], continuo a achar que seria muito fixe, mas o calendário estão tão comprimido que seria impossível fazê-lo.
A vida no Championship Tour, das constantes viagens, está a ficar mais exigente?
Sim, diria que é um pouco de loucos, quando terminas o ano estás exausto.
Estás prestes a ser pai, o que talvez torne esse desgaste ainda maior.
Tenho a certeza que a minha vida vai mudar muito, mas estou ansioso para que venham essas mudanças e experiências.
Desde que celebraste um título mundial aqui em Peniche a tua carreira também teve várias alterações: sofreste lesões, desmotivaste, até duvidaste se deverias continuar.
Os últimos anos têm sido duros, tive muitas lesões e aprendi bastante com tantas coisas a mudarem na minha vida. Este ano sinto-me muito bem, sinto que encontrei um bom equilíbrio entre treino e o estado a que tenho de chegar para o meu corpo estar bom. Até agora, e nos últimos seis meses, não tive quaisquer problemas e isso deixa-me feliz.