Sporting

Rúben Amorim: “A Atalanta é tão difícil de entender taticamente que os treinos foram um bocadinho mais confusos”

O treinador do Sporting lançou o jogo de quinta-feira (17h45, SIC) contra a Atalanta, num Estádio de Alvalade que estará cheio. Amorim revelou que Francisco Trincão tem uma lesão que omitiu e confessou a admiração pela Atalanta que encantou a Europa nos tempos da pandemia

FILIPE AMORIM

Expresso

Atalanta com casa cheia

“Antes de mais, já é norma enchermos o estádio, quer em casa, quer fora. Os sportinguistas têm-nos acompanhado sempre em todos os jogos, portanto começa a ser normal. Depois, vamos defrontar uma equipa que é completamente diferente do que já defrontámos. Uma equipa muito bem trabalhada taticamente, com uma rotação difícil entendermos o padrão que têm a jogar, principalmente ofensivamente. Defensivamente, são muitos agressivos, defendem homem a homem. Como o Morita disse, vai ser um jogo divertido, mas teremos de sofrer, teremos também de ser fortes a atacar para criar problemas a esta equipa, num grupo quanto a mim equilibrado, que queremos vencer. Não perdemos há muitos jogos, e acima de tudo temos vindo a ganhar. Queremos manter essa dinâmica. É mais um jogo para vencer, contra uma equipa que é realmente muito boa, com um treinador que tem uma identidade e que promove uma identidade que é totalmente diferente do que encontramos, não só no nosso país, como por toda a Europa.”

Gasperini falou em favoritismo do Sporting

“Acho que não há favoritos. Pode olhar-se para o papel e a verdade é que a Atalanta joga num campeonato mais competitivo do que o nosso. Se olharmos para o último jogo da Atalanta, jogou com a Juventus e claramente foi a equipa mais dominadora e que esteve mais perto da vitória. Diria que não há favoritos, jogamos em casa, somos uma equipa forte. Como tal, não quero dar o favoritismo à Atalanta, mas não temos o favoritismo no jogo. São duas equipas com ADN de vitória, somos uma equipa grande em Portugal, portanto o favoritismo é 50/50.”

Lesão de Coates

“Recuperou, foi só susto. Está apto para amanhã. Não vou dizer se joga ou não. Vocês fazem o vosso trabalho, olhando para trás, sempre que eu disse alguma coisa, o que é que aconteceu? Se arranjarem alguma lacuna naquilo que disse aqui ou antes do jogo e depois aconteceu o contrário, poderia haver dúvida. Penso que não aconteceu, portanto está bem claro se o Seba vai ser titular ou não.”

Penteado de Nuno Santos?

“São opções dos jogadores, desde que faça os cruzamentos que tem de fazer, que defenda como tem de defender, é-me completamente indiferente como é que se vestem ou penteiam. Se ele está bem, eu estou bem. O que interessa é, se for titular, fazer o seu trabalho como tem vindo a fazer.”

Ressaca de Faro, com liderança na bolso

“Foi uma semana boa, curta. Mas a equipa da Atalanta é tão difícil de entender taticamente que os treinos foram um bocadinho mais confusos, porque é difícil eu dizer o que vai acontecer no jogo, porque a forma como o mister Gasperini prepara a equipa, a forma como o [Marten] de Roon trabalha de um lado ou de outro, o [Teun] Koopmeiners joga na frente ou meio-campo, é completamente aleatório o que vai acontecer, é difícil de perceber. Tornou a semana estranha, diferente, onde tiveram de estar muito concentrados porque vão enfrentar algo que não estão habituados. Isso às vezes é bom, foca os jogadores na tarefa, eles estão preocupados com o jogo, estão concentrados, não estão a pensar que estão em primeiro na Liga, porque não interessa estar agora, interessa no fim. Queremos vencer o jogo. Temos de preparar não só os jogadores, mas também os adeptos, é muito difícil encontrar o momento de pressão contra esta equipa, temos de ser muito inteligentes. Os adeptos vão ter de ter muita paciência, teremos de saber lidar com todos os momentos do jogo. Os jogadores tiveram uma semana mais complicada do que habitual porque vão defrontar equipa que não estão habituados a defrontar.”

Francisco Trincão ausente do treino

“Já vinha com uma pequena dor, tem uma lesão. Vai recuperar. Não disse nada a ninguém, e depois começamos a perceber. É difícil de fora, de dentro, não percebemos o que se passa. E eu, que sou treinador dele e conheço melhor do que ninguém aqui dentro, não reparei. Já andava a arrastar uma dor na perna e tem uma lesão. Deu mais sentido a certas coisas, como a baixa de forma ou de rendimento, simplesmente ele não estava nas melhores condições. Quis ajudar a equipa. Não se protegeu a ele, protegeu a equipa. É por isso que também gosto tanto do Trincão. Não só pelo talento, mas como defende a equipa e não se defende a ele.”

Problemas na defesa: houve tentação para mudar para linha de 4?

“Não. O Esgaio também pode jogar lá. O que fazemos simplesmente é saída a três, muitas vezes defendemos com quatro e não com cinco. Poderiam ser quatro centrais, a melhor equipa do mundo joga com quatro centrais. O que o Sporting geralmente faz é saída de bola a três, usa três centrais, poderia usar um médio centro. Não olho dessa forma. Poderíamos jogar da mesma forma, o [Matheus] Reis sempre foi defesa esquerdo e tornou-se um central. Temos a nossa identidade. Não gostamos de mudar muito e já mudámos bastante na forma de jogar, apesar de algumas pessoas dizerem que não, evoluímos muito. O que não abdicamos é de uma saída de bola trabalhada há muito tempo que é difícil de combater, onde temos várias saídas treinadas assim. Se mudarmos de um momento para o outro simplesmente porque não temos um jogador… meteríamos lá um médio ou lateral. Todas as equipas têm a sua identidade, esta é a nossa. Nunca tive essa tentação.”

A Atalanta europeia do passado recente

“Todos os treinadores se lembram da Atalanta que passou a fase de grupos, a forma como jogavam, com dois avançados e número 10, toda a gente ficou muito entusiasmada com aquela equipa. E podemos dizer que o mister Gasperini era claramente o treinador da moda na Europa. Se olharmos, foi muito no início de eu deixar de jogar futebol e a tornar-me treinador, obviamente que foi uma das referências. Eu tirei de toda a gente, do Nuno Espírito Santo, na forma de pressionar no Wolverhampton. Olhámos para essa Atalanta, eu e os meus adjuntos, posso dizer que há movimentos naquela equipa que são uma inspiração, não só para agora como para o futuro. O que é difícil é explicar aos jogadores aquela forma de jogar, porque é difícil de entender. Enquanto não conseguir explicar o que eles fazem numa frase, não consigo explicar. Diria que é uma inspiração. Amanhã vai ser um jogo divertido, vamos ser melhor equipa porque a Atalanta é uma equipa muito difícil de entender. Se os entendermos, será um passo muito bom na nossa equipa.”