Revista de Imprensa

Aos 40 anos e mais de 100 corridas depois, Fernando Alonso regressou ao pódio da Fórmula 1: “Não o partilhei com uns quaisquer”

O espanhol, bicampeão do mundo de F1, regressou ao convívio com os dois primeiros no final de uma corrida. Alonso pôde provar o champanhe (sem álcool) do Grande Prémio do Catar e fez questão de dizer que não partilhou o pódio com "uns quaisquer", referindo-se a Hamilton e a Verstappen

Clive Mason

Carlos Luís Ramalhão

“Foi uma corrida pensada,” disse Fernando Alonso, sobre o Grande Prémio do Catar, em Losail. “Planeámos tudo com uma paragem, mesmo sem saber bem o que aconteceria com a degradação [dos pneus],” confessou o espanhol, satisfeito com a estratégia porque deu resultado. Não o colocou no lugar mais alto do pódio, onde já esteve tantas vezes, noutros tempos, mas Alonso sabe que tem de subir a escada com paciência e, para já, fica-se pelo terceiro degrau.

“Esperava por isto há tanto tempo”, exclamou o bicampeão de Fórmula 1 em 2005 e 2006. O regresso ao pódio na corrida deste domingo foi celebrado com euforia — há mais de 100 Grandes Prémios que Alonso não tinha aquela perspetiva sobre o público e os elementos das equipas, lá em baixo. Mais ainda porque as últimas voltas foram de sofrimento e tudo podia ter ido pelo asfalto abaixo.

Pelo rádio, o engenheiro da Alpine ia pedindo prudência ao piloto de 40 anos: “Deveríamos chegar bem, mas com extrema precaução em relação ao pneu dianteiro esquerdo”. A emoção da corrida de Alonso não teve apenas a ver com o estado dos pneus. O Haas de Mick Schumacher atravessou-se-lhe na pista e o asturiano temeu o pior.

Dizem que a sorte premeia os audazes e Alonso pode gabar-se desse feito, embora a audácia tenha exigido prudência, por mais contraditório que isso possa parecer. Antes da escadaria, Alonso deixou elogios aos seus colegas de pódio: “Não o partilhei com uns quaisquer, foi com Lewis Hamilton e Max Verstappen”.

“Estou muito agradecido a todos os que confiaram em mim,” também fez questão de dizer. A sua última presença entre os três primeiros fora em 2014, no Grande Prémio da Hungria. Na altura, previsivelmente, também lá estava Hamilton, embora não no lugar mais alto. Esse era de Daniel Ricciardo.

Com o resultado no Catar, Fernando Alonso, de 40 anos, tornou-se o segundo piloto mais velho deste século a chegar a um pódio de Fórmula 1. Curiosamente, também lá estava — e ocupava o lugar mais alto — quando Michael Schumacher, aos 43 anos, provou pela última vez o champanhe. Foi no GP da Europa de 2012, quando Alonso se vestia com o vermelho da Ferrari. Räikkönen, outro veterano, levou o Lotus-Renault ao segundo lugar, enquanto Schumacher, ao volante de um Mercedes, se ficou pela terceira posição.