Passaram-se praticamente três meses desde uma das notícias mais inesperadas do último mercado de transferências: depois de duas décadas no Barcelona, Lionel Messi estava de saída do clube, uma das vítimas da crise financeira que afogou os catalães.
O argentino mudou-se para o PSG e foi em Paris que concedeu uma longa entrevista ao jornal “Sport”, onde falou dos primeiros meses na nova equipa, mas também de alguns temas que ficaram para trás, em Barcelona, e que ainda hoje deixam mágoa ao jogador.
Ao diário catalão, Messi assegurou que, ao contrário do que disse o presidente Joan Laporta, nunca lhe foi pedido que jogasse sem receber qualquer salário, palavras que não caíram bem ao avançado.
“Fiz todo o possível para ficar e nunca em momento algum me pediram para jogar de borla. Pediram-me para baixar o salário em 50% e eu fi-lo sem problema. Estávamos na disposição de ajudar ainda mais o clube”, frisou Messi, que assume que a sua vontade e da família era continuar em Barcelona. “Parecem-me erradas as palavras do presidente, doeram-me porque não tem necessidade de dizer o que disse. São palavras que geram um tipo de dúvidas que creio que não mereço”, desabafou o argentino.
A viver os primeiros tempos em Paris, o jogador diz que a família está a “aproveitar a cidade, que é maravilhosa, apesar do clima”, mas não esconde que deixar Barcelona, onde tinham amigos, rotinas e um dia a dia tranquilo, custou muito a todos.
“Foi muito doloroso. Já há algum tempo que tínhamos dito aos nossos filhos que íamos ficar em Barcelona e eles já tinham dito isso aos seus amigos. E depois, de repente, temos de sair de Barcelona e numa semana já estávamos em outra cidade, tudo novo. Foi difícil para todos”, conta o jogador de 34 anos, que diz que o futuro da família, mais tarde ou mais cedo, passará por Barcelona, onde querem viver.
“Não sei o que vai acontecer quando acabar o contrato com o PSG. O que está confirmado e é certo é que vamos voltar a viver em Barcelona e a nossa vida será ali. É isso que quer a minha mulher e eu também”, sublinha, não colocando de parte um regresso ao clube, não necessariamente como jogador, até porque Messi diz ver-se como “diretor desportivo no futuro”.
“Sempre disse que gostava de poder ajudar o clube no que for útil. Se existir a possibilidade, gostava de voltar a ajudar, porque é o clube que eu amo”, garante.
Quanto aos primeiros tempos no plantel de estrelas que é o PSG, Messi diz ainda estar a habituar-se, assumindo que a adaptação ainda está a acontecer: “Pouco a pouco estou a entrar na dinâmica do clube. Estou há dois meses cá, mas ainda não fiz muitos jogos”. O objetivo, esse, está bem claro na cabeça do argentino. “Quando tomei a decisão de jogar no PSG a Champions foi um dos motivos. O clube tem um grande plantel, desejo de crescer e ganhar a Champions. Por isso vim para cá, porque também são os meus objetivos”, assume, garantindo também que o balneário tem “um ambiente saudável” e que todos se dão bem.