O telefone de Rui Santos tocou mais uma vez para falar de Zé Pedro, um defesa central que até há bem pouco tempo estava encurralado entre as paredes do anonimato. As lesões dos principais centrais do FC Porto e a expulsão de Fábio Cardoso, na Luz, colocaram Zé Pedro perante as feras e logo no campo do maior rival. Rui Santos treinou-o no Estrela da Amadora, então no terceiro escalão do futebol português, há somente dois anos, e fala nele com o maior prazer. Têm uma boa relação, admite. Nota-se bem.
O interesse em Zé Pedro já era obrigatório depois de atuar no clássico sem abanar, talvez fosse interessante saber o que dizem os fantasmas na mente de Sérgio Conceição sobre a não inscrição deste jogador na Liga dos Campeões, mas o telefonema espontâneo e inesperado do treinador para o “Futebol Total”, do Canal 11, tornou ainda mais obrigatório conhecer Zé Pedro, o futebolista com nome de músico que tem valências que nunca mais acabam, segundo Rui Santos. Para Conceição também é assim, um homem que esteve metaforicamente a passar-lhe a mão pela cabeça como um pai durante alguns minutos, muitíssimos em televisão, porém de ouro quando se ouve um protagonista sem as amarras dos protocolos e armadilhas comunicacionais dos clubes.
E Conceição elogiou bastante o central de 26 anos, mencionando alguns traços que tem enquanto defesa, nomeadamente a velocidade, assentando-se no GPS que trata de demonstrar as métricas de cada um, mas também a inteligência e o coração, engolido por um dragão azul. Segundo Rui Santos, jogar no FC Porto “era um sonho de criança” de Zé Pedro, ou José Pedro da Silva Figueiredo Freitas, um futebolista nascido em Guimarães a junho de 1997, numa altura em que o imberbe Fernando Meira, com apenas 20 anos, começava a aparecer.
O telefonema com Rui Santos acontece entre os intervalos de mais um curso da UEFA, na Figueira da Foz. Os destinos de Santos e Zé Pedro cruzaram-se em 2020/21, na Reboleira. O atleta acabava de sair do SC Braga. “Estávamos praticamente no final da pré-época, ele não tinha clube. Foi bom para ele, que já estava a ficar preocupado com o seu futuro”, conta o técnico, de 59 anos. Era o perfil que desejava para o Estrela da Amadora: um central relativamente jovem, ou seja, com algum traquejo já, e com formação em bons clubes. O futebolista foi formado entre Vitória de Guimarães, Vizela e Os Sandinenses. Mais tarde, passou por Torcatense e Fafe, onde, na Série A do Campeonato de Portugal (2017/18), conquistou os olheiros do SC Braga.