No verão de 2017, a Holanda recebeu um Europeu feminino que se esperava que fosse conquistado pela Alemanha, tal como aconteceu nas seis edições anteriores. O que ninguém sabia é que a seleção holandesa, naquela altura liderada por Sarina Wiegman há meia dúzia de meses, se agigantasse em campo e pusesse os jornais locais a falar de “laranja mecânica no feminino” e os adeptos a encher estádios.
A Holanda tornou-se campeã europeia pela primeira vez, vencendo a Dinamarca na final (4-2), perante 29 mil pessoas, e Sarina Wiegman conquistou o maior título de uma carreira que só começou a sério em 2007, quando largou “o emprego seguro” como professora de educação física e arriscou ser treinadora a tempo inteiro - um emprego que não sabia que podia ter, quando era mais nova, como confessou à Tribuna Expresso numa conversa no Algarve, onde a seleção holandesa está a participar na Algarve Cup 2018, para preparar a qualificação para o Mundial 2019 feminino.
O que se seguiu foi uma conversa sobre futebol - futebol que, como diz Sarina Wiegman, não tem sexo para quem gosta do jogo: “Claro que há diferenças entre equipas femininas e equipas masculinas em alguns fatores, mas acho que a visão do treinador ou da treinadora, a forma como trabalha com a equipa, isso é algo que é do treinador, da forma como vê o jogo e como quer que ele seja jogado. Isso não tem sexo.”
Que tal a Algarve Cup?
Gosto muito, claro.
O tempo é que não está a ajudar muito, este ano.
É a primeira vez que nos acontece, mas tivemos sorte na quarta-feira, porque choveu muito antes do jogo, mas quando começámos a jogar o sol apareceu e o relvado ficou bom. Conseguimos jogar bem, por isso ficámos contentes.
Como é que se encara o grupo depois de ganharem um Europeu? Preparam algo diferente ou os métodos continuam iguais?
Bom, é claro que as coisas mudaram um pouco depois do Europeu, porque a equipa passou a ser muitíssimo popular na Holanda, todos ficaram a conhecer-nos e a querer acompanhar-nos. Antes do Europeu, as expetativas eram poucas, controladas, mas agora são obviamente bem mais altas. O que se compreende, porque estivemos muito bem no Europeu, mas agora estamos numa fase completamente nova, em que queremos conseguir a qualificação para o Mundial. Também é preciso ver que as outras seleções agora tentam adaptar-se um pouco à nossa forma de jogar, defendendo mais contra nós do que aquilo que faziam antes. Por isso temos de arranjar outras soluções para conseguir ultrapassar essas muralhas defensivas.