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Mundial Feminino 2023

A lesão que atormenta as futebolistas e deixou mais pobre de talento o Mundial feminino

As roturas do ligamento cruzado anterior do joelho podem ser três a oito vezes mais frequentes em mulheres do que em homens. Várias das melhores jogadoras do planeta ficaram privadas de participar no Campeonato do Mundo, que se está a realizar na Austrália e Nova Zelândia

Stuart MacFarlane

Quando entrar em campo para a estreia no Mundial, amanhã frente ao Haiti, a campeã europeia Inglaterra não terá Beth Mead, a melhor jogadora do Euro 2022, nem Leah William­son, a central que é também capitã da equipa. A França, que joga no domingo com a Jamaica, sentirá a falta de Marie-Antoinette Katoto ou Delphine Cascarino no ataque. Nos Países Baixos, a estrela Vivianne Mie­dema ficou em casa e os EUA não poderão contar com Catarina Macário ou Christen Press. Entre elas algo em comum: todas sofreram roturas do ligamento cruzado anterior, a lesão que é um quebra-cabeças para as futebolistas e investigação médica e que também afastou Alexia Putellas, maior figura da seleção espanhola e duas vezes Bola de Ouro, do Europeu do ano passado.

Putellas já poderá ajudar a sua seleção na Austrália e Nova Zelândia, mas há uma espécie de epidemia que grassa pelo futebol jogado no feminino, ao ponto de Katie Rood, jogadora neozelandesa que rompeu o cruzado em finais de abril, ter anunciado, em jeito de triste brincadeira, fazer parte do “clube do ACL, em pleno crescimento”, utilizando o acrónimo do nome da lesão em língua inglesa para formar uma agremiação da qual ninguém quer fazer parte. A explosão do número de atletas mulheres é uma explicação básica para o aumento desta grave lesão, que obriga a um tempo de paragem que pode ultrapassar os 12 meses. Mas a investigação científica, apesar de ainda imberbe quando o assunto é futebol feminino, aponta que, face aos futebolistas homens, as mulheres podem ter uma propensão entre três e oito vezes maior de contraírem uma lesão ligamentar no joelho.