Eric Cantona sentenciou há poucos dias que Pep Guardiola é um artista e um criador, a única personagem com quem se identifica no futebol nos tempos que correm. O ex-futebolista francês, obediente ao que é cáustico, livre e poético, acaba de apresentar o seu primeiro single, e por isso está, mais do que nunca, autorizado a falar sobre as camadas da arte. Não entrou no ‘futebolês’, mas mudamente mencionou as inovações infinitas no jogo do catalão: o guarda-redes como refúgio, os defesas que partem ao meio adversários e definem caminhos, o falso 9, que já fora usado há muitas décadas por outros, o lateral que vai para o centro do campo, a recuperação do 2-3-5 de tempos idos, e agora com John Stones, um central que se transforma em mais um fino, fino meio-campista.
“Creio que ele não se sente um artista”, reflete Martí Perarnau, amigo de Guardiola, ex-atleta olímpico e escritor de livros como “Herr Pep”, após viver por dentro a primeira época do treinador (2013-2014) no Bayern Munique. O treinador quer, antes de nada, descobrir a fórmula para ganhar e depois, num segundo pensamento, está a estética, explica o também jornalista. “Mais do que beleza, quer provocar emoções boas, quer que desfrutem do jogo da sua equipa. Ele não tem alma de artista, mas essa aspiração é artística. Quer deixar algo de bom como recordação.”