Oiçam, espalhem a notícia, jogam por França, mas são de Angola.
Que bonito é, vão a correr, gostam de transexuais como o Mbappé.
A mãe deles é nigeriana, o pai é camaronês, mas nos documentos,
nacionalidade: francês
O cântico, de teor racista, começou por ser ouvido no Mundial do Catar, em 2022, competição na qual a Argentina derrotou (nos penáltis) a França na final e se sagrou campeã. Dos “hinchas” e das bancadas, o suposto cântico de apoio, também com uma provocação transfóbica à alegada relação de Kylian Mbappé com a modelo trans Ines Rau, acabou por saltar para o balneário argentino, tendo diversos jogadores, após a vitória na Copa America, entoado tais palavras durante os festejos num live no Instagram.
No centro da polémica, e embora do plantel argentino façam igualmente parte Ángel Di María e o capitão benfiquista Nicolás Otamendi, está o ex-Benfica (atualmente jogador do Chelsea) Enzo Fernández, que partilhou um vídeo nas redes sociais a bordo do autocarro em que, em tom festivo, vários atletas cantam estas palavras.
Ora, não tardaria a que a polémica espoletasse e gerasse indignação, reações e consequências. Por enquanto, somente para Enzo.
Desde logo, a Federação Francesa de Futebol anunciou que irá apresentar uma queixa formal à FIFA, por “comentários ofensivos de natureza racial e discriminatória”, exigindo também explicações, por carta, à homóloga argentina. Ainda do lado francês, a ministra do Desporto, Amélie Oudea-Castera, declarou o comportamento “patético” e inaceitável”, relembrando que é “repetido” e questiona se a entidade que regula o futebol mundial vai ter “alguma reação”.
Colega de equipa de Enzo no Chelsea, o internacional francês Wesley Fofana, nascido em Marselha mas com origens marfinesas, acusou na rede social X (antigo Twitter) o médio argentino de propagar, através do cântico e da partilha do vídeo, “racismo descomplexado”.
Ele, Fofana, tal como, entre outros, Malo Gusto e Axel Disasi, também defesas franceses e negros do Chelsea, deixaram mesmo de seguir Enzo Fernández nas redes sociais.
Face à tensão evidente no balneário, o Chelsea, que pagou ao Benfica 121 milhões de euros por Enzo em 2023, informou em comunicado que “considera todas as formas de comportamento discriminatório completamente inaceitáveis”. Assim, e orgulhando-se de ser um clube “diverso e inclusivo”, os londrinos instauraram um procedimento disciplinar interno contra Enzo Fernández.
O jogador, por sua vez, também já tentou amenizar o problema criado. Através de um comunicado, em inglês, publicado nas redes sociais, o médio argentino pediu “sinceras desculpas” pelo vídeo que publicou durante as celebrações argentinas, admitindo que o cântico da polémica “inclui linguagem altamente ofensiva” e que “não há absolutamente nenhuma desculpa para estas palavras”.
O Chelsea diz apreciar o pedido de desculpas público do jogador, feito ainda antes da reação do clube, mas que irá usar o caso “como uma oportunidade para educar”.
Enzo, que se diz “contra qualquer tipo de discriminação”, lamentou ter-se “deixado levar na euforia” dos festejos pela conquista da Copa América e o que fez, e cantou, “não reflete” as suas “crenças ou caráter”. Pelo sucedido, Enzo pede, pois, “desculpas” e apresenta o seu profundo “lamento”.
A FIFA abriu entretanto um inquérito na sequência do caso e diz que o incidente “está a ser investigado”, lembrando o organismo que “condena firmemente todas as formas de discriminação por parte de qualquer pessoa, incluindo jogadores, adeptos e dirigentes”.