“Adoraria jogar no Barcelona. Sempre foi a minha primeira escolha e adorava que fosse o meu próximo clube. Sempre foi esse o meu sonho desde pequeno. Se tal se concretizar, seria um sonho realizado”.
Como se diz em Espanha: era possível falar mais alto, mas não mais claro. A meio de julho, em declarações feitas ao jornalista Fabrizio Romano, João Félix manifestou onde é que gostaria de atuar em 2023/24.
Ora, depois de meses de especulações, de avanços e recuos, de muito tempo passado sem disputar uma partida — a última que realizou foi a 17 de junho, no Portugal - Bósnia —, o desejo do criativo concretizou-se. A pouco tempo do fecho do mercado em Espanha, o Barcelona anunciou que João Félix é reforço dos catalães, chegando aos blaugrana por empréstimo do Atlético de Madrid.
Este negócio coloca um ponto final a uma das novelas do verão. Desde bem cedo foi evidente que o português não teria futuro no Atlético de Simeone, mas foi preciso esperar até ao fecho da janela de transferências para que o futuro do futebolista de 23 anos ficasse definido.
No verão de 2019, Félix, então a promessa da moda na Europa, trocou o Benfica pelo Atlético de Madrid por €127 milhões. Mas, desde então, a passagem do talentoso jogador pelos colchoneros foi sempre uma história de altos e baixos, de boas exibições e de ausências por lesão, de sinais de otimismo e de uma relação complexa com Diego Simeone.
Por dificuldades de adaptação de Félix, falta de capacidade do técnico argentino para o potenciar ou devido aos problemas físicos — ou, mais possivelmente, por uma mistura de tudo isto —, a passagem do português pelo Atlético foi uma grande desilusão. A meio da época passada, quando já era evidente que não havia grande futuro para o criativo em Madrid, o ex-Benfica foi cedido ao Chelsea.
Em Londres, a meio da voragem do começo do consulado dos novos proprietários dos blues, João entrou numa equipa em construção, cheia de caras novas, com treinadores a durarem poucos meses e com tantos jogadores no plantel que, segundo notícias publicadas em Inglaterra, havia quem se tivesse de equipar no corredor.
Em Stamford Bridge, Félix fez quatro golos em 20 encontros. Sem deixar um forte impacto, o empréstimo terminou e o português teve de voltar para o Atlético. Mas não para jogar.
Desde o arranque da pré-época que era segredo para ninguém que Diego Simeone não via o mais caro jogador da história do clube como uma solução válida para esta época. Nem em encontros amigáveis o argentino deu minutos ao português.
Entretanto, foram surgindo rumores que ligavam o futuro do português ao PSG, ao Aston Villa ou à Arábia Saudita, mas o desejo do futebolista já havia sido expresso. E esse “sonho” foi concretizado.
Nos últimos dias, a operação estava à espera que o Barcelona reunisse as garantias financeiras para o negócio. As apertadas contas do adversário do FC Porto na Liga dos Campeões deixaram a contratação como uma incógnita até agora, devido a questões relacionadas com o apertado fair-play financeiro em vigor na La Liga.
No entanto, nas últimas horas, os problemas foram superados pelo clube liderado por Laporta. João Félix viajou para Barcelona e assinou pelo emblema com que sonhava, onde será treinado por Xavi e terá companheiros como Lewandowski, Gundogan, Pedri ou Gavi.
Aos 23 anos, e na sequência de muito tempo sem continuidade, um dos mais talentosos jogadores do mundo da sua geração está onde queria estar. É tempo de recuperar o tempo perdido dentro de campo, numa temporada que poderá ser decisiva para o futuro da sua carreira.