Numa liga que não tem nem pouco mais ou menos o peso da liga por onde se passeou nas últimas quase duas décadas, talvez Lionel Messi não pudesse escolher melhor estádio para se estrear pelo PSG.
O Stade Auguste-Delaune é um daqueles decanos do futebol mundial, um recinto com 86 anos de idade que viu o Stade de Reims, a equipa que ali joga, passar por tudo e mais alguma coisa, do poderio nos anos 50, em que chegou a ser vice-campeão europeu por duas vezes e ganhou seis títulos franceses, ao declínio que surgiu à entrada da época de 80, quando o clube um dia grande em França foi por ali abaixo até chegar ao terceiro escalão do futebol gaulês.
Hoje o Stade de Reims é um clube modesto, que luta por continuar entre os grandes, mas ali jogaram Raymond Kopa e Just Fontaine durante boa parte das respetivas carreiras, outras relvas que estiveram ali antes desta viram muitos craques, muitas histórias e agora têm mais uma, a do dia em que Lionel Andrés Messi vestiu pela primeira vez enquanto sénior uma camisola que não a azul e grená do Barcelona.
Messi não foi titular, mas mal o argentino começou a aquecer as bancadas do estádio levantaram-se, ouviu-se o burburinho da curiosidade, de quem sabe que está a ver algo único. Fossem adeptos do Reims ou do PSG, os gritos por Messi ecoavam por todo o lado, isto numa altura em que os parisienses já venciam por 1-0, golo do inevitável Mbappé aos 16’. O miúdo está aparentemente com a cabeça em Madrid mas também e continuamente nas balizas adversárias, estejam elas em que latitude ou país ou cidade.
Messi entraria já na 2.ª parte, aos 66’, e foi já na linha lateral, pronto para a estreia, que viu o jovem francês bisar e a festejar como se quisesse ser do Paris Saint-Germain durante toda a vida, mas isso é algo que vamos saber até terça-feira se é verdade ou não.
Já estava então quase resolvida a contenda quando Messi entrou, com Mauricio Pochettino no entanto a fazer a desfeita de o trocar por Neymar, fazendo-nos talvez perder a oportunidade de ver pelo menos por 20 minutos Messi, Neymar e Mbappé a jogarem juntos, com a mesma camisola, na mesma frente de ataque.
Não se pode ter tudo, de facto.
Sem a necessidade de salvar a equipa de agruras, de arrancar aquele ponto que parecia impossível, de marcar aquele golo mágico, a estreia de Messi foi, surpreendentemente ou não, bastante tranquila. Houve duas ou três arrancadas como só ele faz, houve a classe do costume com a bola no pé, mas não mais que isso. A não ser, claro, o pacote de boas-vindas a França servido às pernas do argentino por duas vezes, cortesia do médio Munetsi, como que a avisar Messi que ali nem todos estão para o ver passar, ligeiro e seguro, levitando no verde a tomar a Ligue 1 de assalto.
No final, 2-0 no marcador, PSG de novo na liderança da tabela e curiosamente mais jogadores do Reims a pedir a camisola a Mbappé do que a Messi, talvez por vergonha, talvez por saberem que terão mais oportunidades com o argentino do que com o prodígio francês, caso este salte a fronteira para oeste nos próximos dias. Ou horas, até.