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Entrevista a Noah Rubin, a voz de quem não está nos “0,001%” do ténis: “Não há piedade. É importante combater o estigma do glamour”

O norte-americano, antigo campeão de Wimbledon em juniores, fundou a “Behind the Racquet”, onde jogadores partilham histórias do “outro lado” da modalidade. Agora quer criar “um novo circuito” para “competir” com a ATP, uma entidade que "não quer mudanças". Numa conversa com a Tribuna Expresso no Jamor, durante o Oeiras Open 2, o tenista fala sobre as dificuldades da vida fora da elite da modalidade, de saúde mental, das propostas que tem para alterar a modalidade e até do caso Zverev
Ryan Pierse/ATP Tour/Getty

Na segunda-feira, 4 de abril, Noah Rubin, 440.º do ranking ATP, perdeu no Oeiras Open 2 contra Alex Rybakov, compatriota com quem viajou para atuar em Portugal porque vir com a equipa técnica “teria sido demasiado caro”. Com voo de regresso a Nova Iorque marcado para quarta-feira, Rubin reservou a terça para passear por Lisboa, ficando combinado que a conversa com a Tribuna Expresso decorreria na capital.

No entanto, o tenista teve de ficar o dia inteiro nas instalações oficiais do torneio à espera do sorteio do lucky looser, que ainda lhe poderia dar uma chance de continuar a competir. Uma das situações da responsabilidade da ATP “que não fazem qualquer sentido”, comenta, sentado numas escadas do Centro Desportivo Nacional do Jamor, enquanto olha para o céu acizentado.

O que te pareceu esta passagem por Portugal?
É um dos melhores torneios Challenger em que já estive. Pelas pessoas que o organizam, a infra-estrutura… O tempo não foi excelente, um pouco de frio e vento, mas foram dias muito bons. Os campos são excelentes. No cômputo geral, é sem dúvidas um dos melhores Challenger em que já estive.

Mencionas os campos. Aqui são de terra batida, uma superfície que dizes apreciar.
Tanto eu como o Alex Rybakov, que me derrotou ontem, gostamos de terra batida…

… o que não é muito norte-americano.
[risos] Não, de todo. Para o Rybakov, sempre foi a superfície dele. Os meus melhores resultados foram em hard courts, mas sinto-me muito bem em terra batida, acho que o meu corpo se adapta bem. Eu sou um tipo baixinho, gosto de correr à volta do court e, portanto, a terra batida adapta-se bem a mim.

É engraçado ouvir isso de um antigo campeão do torneio de Wimbledon em juniores.
É verdade, é o oposto.

Acho que foi o Roger Federer que disse que ir da terra batida para a relva era uma boa transição, que o ajudava a preparar-se.
Sim, disse. Para mim, como sou pequeno e me mexo bem, o meu jogo encaixa bem nos extremos, seja em condições muito rápidas ou muito lentas. Sempre gostei de terra batida, especialmente se é boa terra batida, como aqui.