Terminado o campeonato universitário de basquetebol feminino norte-americano (March Madness) e a menos de um mês do início da nova época da WNBA, só faltava uma coisa para que tudo estivesse pronto para as equipas voltarem à quadra: o draft da WNBA. Mas, momentos antes de Rhyne Howard ter sido a primeira escolha de 2022, pelas Atlanta Dream, as atenções viraram-se para o tema que continua a dominar a conversa no que à liga diz respeito.
A comissária Cathy Engelbert aproveitou o momento para expressar a sua preocupação com Brittney Griner e garantir que a liga está a trabalhar arduamente para levar a jogadora das Phoenix Mercury de volta para os Estados Unidos.
Griner, uma das maiores estrelas da liga, tem estado detida na Rússia desde que foi vista num aeroporto de Moscovo, em fevereiro. As autoridades russas informaram que uma busca na sua bagagem revelou estupefacientes como óleos canabinóides, vaporizadores e outros produtos relacionados, o que poderia acarretar uma pena máxima de 10 anos de prisão.
"Quero tirar um momento para reiterar o apoio da WNBA à estrela das Phoenix Mercury Brittney Griner", disse Engelbert antes do início do draft. "Por favor, saibam que trazê-la para casa em segurança continua a ser a nossa principal prioridade e, embora estejamos perante um desafio extraordinariamente complexo, há força na comunidade, especialmente na WNBA".
Engelbert, que descreveu a situação em que a jogadora norte-americana se encontra como “inimaginável”, deixou claro que Griner tem o apoio total da WNBA, que está “a tentar tudo, em todos os ângulos” em conjunto com a sua representação legal, o seu agente e líderes eleitos para garantir a sua liberdade o mais rápido possível. Por outro lado, a liga pretende garantir também que o trabalho solidário da jogadora continua a ser feito. Em conjunto com as Mercury, o projeto “BG's Heart and Sole Shoe Drive”, criado por Griner, vai ter o apoio da WNBA.
“Isso terá lugar em todos os 12 mercados da WNBA. As ações que vamos fazer destinam-se a lembrar a generosidade da BG e a fazer o trabalho que ela estaria a fazer se estivesse aqui. O trabalho a que ela se juntará quando regressar”, explicou Engelbert.
Griner foi a primeira escolha do draft há nove anos e ajudou as Mercury a chegar à conquista do campeonato em 2014 e às finais da WNBA no ano passado. Venceu também duas medalhas de ouro olímpicas ao serviço dos Estados Unidos. Segundo Holly Rowe, repórter da “ESPN”, o clube continua também do lado da jogadora e pretende pagar todo o seu salário correspondente ao ano de 2022 (cerca de 210 mil euros). A WNBA está também a considerar dar à franquia algum "alívio" em relação ao limite salarial devido à ausência da Griner.
“Obviamente, estamos numa situação geopolítica muito complexa com a Rússia e Ucrânia. Estamos a receber uma tonelada de apoio do governo, de especialistas. Os seus representantes podem visitar a Brittney, sabemos que ela está a salvo, mas queremos levá-la para casa. Sei que estamos todos frustrados, mas precisamos de ser pacientes. As jogadoras têm sido incríveis em seguir os conselhos que elas e nós estamos a receber para não pôr em risco a sua segurança de forma alguma”, disse.
A comissária da WNBA confessou que a mensagem que passa às suas jogadoras é a mesma que costuma dizer à própria filha: "Eu iria até ao fim da Terra para te ajudar se alguma vez estiveres em apuros", disse Engelbert. "E eu digo a mesma coisa sobre Brittney Griner".