Aquele início de época foi bamboleante em termos de forma, houve empates inesperados e uma derrota em novembro com o West Ham que chegou a colocar a equipa em 4.º lugar na Premier League.
Mas desde que o ano virou que o Liverpool não sabe o que é perder no campeonato.
Aliás, mal sabe até o que é empatar, o único que consentiu foi precisamente no segundo dia de 2022, frente ao Chelsea e daí para cá são só vitórias na liga, com a 10.ª seguida a aparecer este sábado, em casa frente ao Watford (2-0), três pontos mais que deixam neste momento o Liverpool em primeiro na tabela (o City ainda joga este sábado), algo que parecia impensável em novembro, não só pelos pontos perdidos mas também pela forma estonteante do rival de Manchester, um campeão anunciado que não está tão anunciado assim - o Liverpool está aí e é para lutar até ao fim pelo título.
Foi na ressaca da paragem para as seleções, que viu o clube inglês enviar, por exemplo, Sadio Mané e Salah para Egito e Senegal, Luis Diaz para Colômbia e Venezuela ou Fabinho e Alisson para Brasil e Bolívia, que o Liverpool arrancou uma vitória pouco brilhante (2-0), com a cabeça de Diogo Jota, mais uma vez, a fazer a diferença, tal como já havia feito pela seleção nacional.
O avançado português não será a maior estampa física que ainda por aí, mas o seu jogo de cabeça parece dizer o contrário, nesta época na Premier League já são quatro os golos de cabeça, o último num toque tão subtil quanto eficaz ainda na primeira parte em Anfield, num altura em que a equipa que tem em Elton John o seu adepto mais famoso ia criando algum perigo.
O 20.º golo de Jota esta época, a sua melhor em termos de produção em frente à baliza, acabou por trazer alguma tranquilidade a uma equipa que não se podia dar ao luxo de permitir um encontro frenético, intenso, como tantas vezes o Liverpool gosta de jogar. Os caprichos do calendário e as longas viagens de várias das suas estrelas exigiram pragmatismo a Jurgen Klopp, com o Liverpool a gerir boa parte do encontro, não sem alguns sustos. O mais perigoso aconteceu aos 57', quando Sarr encontrou João Pedro numa jogada rápida do Watford, com o brasileiro a desperdiçar frente ao compatriota Alisson, rematando em jeito ligeiramente ao lado.
E mesmo que do Watford pouco mais se visse até final, o Liverpool só descansou verdadeiramente já aos 89', numa grande penalidade marcada por Fabinho após falta na área sobre Jota, de novo Jota, descontinada pelo VAR.
Dias antes da viagem até Lisboa para enfrentar o Benfica na 1.ª mão dos quartos de final da Liga dos Campeões, o Liverpool não se matou e geriu o esforço com uma vitória pouco vistosa mas eficaz. O 2-0 dá aos reds uma liderança que poderá ser efémera, agora com 72 pontos, mais dois que o Manchester City, que joga ainda este sábado à tarde com o Burnley. Mas haverá Premier League até ao fim, haverá zero tolerância para falhar em ambos os balneários e talvez tudo até possa ser decidido já na próxima jornada, quando o City receber o Liverpool em Manchester.
Jogo do título? Talvez.