Tantas vezes se fala da Champions como a liga dos milhões porque o é mesmo, veja-se o Benfica, que chegado aos quartos-de-final terá direito a receber 64,6 milhões de euros em prémios de jogo, choruda prova de como isto de andar pela Europa fora a defrontar as melhores equipas das suas respetivas terras pode equivaler a muito, mas também implica bastante. E quem quis vergastar Roman Abramovich por ser um oligarca russo com supostas ligações ao Kremlin quando a Rússia levou a guerra até à Ucrânia saberia que as réplicas das sanções iriam afetar o dia a dia de um certo clube inglês.
Não é de agora que o Chelsea é opulento no futebol europeu. Em 2003, um então desconhecido russo, de feições dóceis e unidimensionais, comprou o clube, agigantou-o com a sua fortuna e uma de muitas maneiras de cortar as vazas a Abramovich foi limitar o Chelsea quase a subsistir, em vez de existir. Além de o proibir de transferir jogadores, de vender bilhetes ou de ter espaços comerciais abertos, o governo britânico limitou as despesas que o clube londrino pode ter quando se desloca para jogar em campos adversários: 20 mil libras, o equivalente a quase 24 mil euros.
O teto gastador virou ainda mais arreliador quando o Chelsea foi ganhar a Lille e, na última sexta-feira, ser uma das equipas incluídas no sorteio da Liga dos Campeões, onde lhe saiu a fava do Real Madrid. Ao que foi possível apurar à Tribuna Expresso, a fronteira imposta ao clube inglês nem para um terço das despesas de deslocação normais para um jogo de Champions será suficiente: esta época, por exemplo, um dos três clubes portugueses que se qualificaram para a competição teve a base da despesa a rondar os 150 mil euros por cada encontro feito longe de casa.
Nessa verba estão incluídas as mordomias habituais de equipas que colocam as malas às costas na Liga dos Campeões. O costume é os clubes fretarem aviões, escolherem hotéis não muito amigos da poupança, contratarem serviços de segurança ou alugarem transporte privado no país de aterragem, custos que se multiplicam às dezenas — fora os jogadores convocados, há o staff técnico que acompanha o treinador e inclui adjuntos, analistas de jogo, roupeiros, etc. e, depois, a comitiva também pode ter elementos da direção desportiva ou administração do clube.