O Benfica alargou o número de administradores que pretende eleger para a SAD na assembleia-geral desta segunda-feira, 24 de janeiro, de modo a limitar o impacto do confronto anunciado por José António dos Santos, conhecido como “Rei dos Frangos”.
Se inicialmente o clube tinha proposto seis nomes para a administração na SAD, agora a lista vai já em nove nomes. Um alargamento depois de ter sido revelado que o maior acionista individual da SAD, José António dos Santos, quer um administrador em seu nome – algo que, desde que fez o investimento no SLB, não tinha acontecido.
Na primeira lista, que teria sido votada a 6 de janeiro caso não tivesse havido a suspensão da reunião, Rui Costa contava com mais cinco colegas, duas do género feminino a figurar nos últimos dois lugares, cumprindo a representação de género obrigatória por lei (um terço).
O último é o primeiro a sair
Na segunda, divulgada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários esta segunda-feira, o presidente do Benfica tem oito colegas, três mulheres, sendo que o último da lista é agora um homem. A assembleia-geral que esteve agendada para dia 6 foi adiada para este dia 24 precisamente por conta do último nome da lista.
O último da lista é relevante porque é ele que cai devido à intenção de José António dos Santos, acionista que representa 16% do capital da SAD do Benfica, de nomear um administrador.
A 6 de janeiro, o “Rei dos Frangos” – arguido na investigação Cartão Vermelho como o ex-presidente do SLB, Luís Filipe Vieira – revelou que ia votar contra a lista de seis nomes de Rui Costa, podendo depois nomear um outro administrador – fazendo cair o último da lista do clube. A ideia era nomear António Pires de Andrade para administrador. Se o fizesse, caía a última da lista, uma gestora, e passaria a estar uma mulher em seis administradores, sem cumprir um terço da administração.
Administração com membro de oposição
Como resposta, o clube suspendeu a reunião, passou a sua proposta para nove e colocou um homem no último lugar. Mantendo José António dos Santos a sua intenção de nomear Pires de Andrade, não coloca em risco as regras de género.
Assim, o clube propõe Rui Costa, Domingos Soares de Oliveira, Luís Mendes, Manuel de Brito, Maria da Câmara Pestana, Maria do Rosário Pinto Correia, Maria Sampaio Nunes, Lourenço Pereira Coelho e Rui Vieira do Passo. Como a generalidade dos nomes pertencem ao universo Benfica, a crença dentro do clube é que o alargamento não vai conduzir a um aumento de custos (haverá as habituais senhas de presença).
Acontecendo, haverá um conselho de administração com um membro alheio à orientação e estratégia de Rui Costa. Normalmente, em administrações de maior dimensão, pode haver delegação numa comissão executiva, que fica responsável por gerir o dia-a-dia, opção que estará em cima da mesa na SAD do Benfica.
No conselho fiscal e na mesa da assembleia-geral, os nomes são os mesmos que já tinham sido propostos pelo clube (presidências de João Albino Augusto e Nuno Magalhães, respetivamente).
Tudo por uma novidade nos últimos cinco anos
Esta é a primeira vez que José António dos Santos, acionista individualmente ou através da Valouro, Avibom e Rações Valouro, pretende nomear um administrador para a equipa da SAD.
Foi em 2017 que o empresário entrou no capital da SAD do Benfica, com a aquisição da participação da construtora Somague (e depois do Novo Banco). Posteriormente, veio a reforçar em mercado essa posição, mas sem nunca o ter levado a pedir a presença na administração, a não ser agora, já fora da presidência de Luís Filipe Vieira (de quem é parceiro em negócios imobiliários e a quem livrou de dívidas perante a banca).
José António dos Santos tem ainda um acordo com o americano John Textor, dono do britânico Crystal Palace, para vender a sua posição acionista.