UEFA Euro 2024

Para os adeptos do movimento “Fora com o VAR”, os dois golos anulados no Bélgica-Eslováquia foram uma derrota épica

A tecnologia é o melhor que podia ter acontecido aos árbitros e ao futebol de alta competição, onde o valor de cada vitória em campo é mais, muito mais do que meramente desportivo, defende Duarte Gomes, ao explicar os porquês que levaram a dois golos serem anulados à Bélgica no jogo contra a Eslováquia, neste Europeu

Sebastian Frej/MB Media

No Bélgica-Eslováquia de segunda-feira feira (vitória da seleção eslovaca por uma bola a zero), a equipa de Domenico Tedesco viu a equipa de arbitragem anular-lhe dois golos, ambos de forma acertada.

Mais uma vez a vídeo tecnologia foi absolutamente fundamental no auxílio à verdade desportiva, que sairia defraudada caso o vídeo árbitro não tivesse atuado em dois momentos cruciais do jogo.
Para os adeptos do “Fora com o VAR” foi apenas mais uma derrota épica.
Por partes.
Aos 57', Lukaku introduziu a bola na baliza de Dubravka, fazendo aquele que em campo teria sido validado como o golo do empate. O ‘problema’ é que a UEFA utiliza o fora de jogo semi-automático nas suas competições e conseguiu detetar aquilo que, a olho nu, era quase impossível de percecionar nas quatro linhas: no momento da assistência de cabeça de Doku, o avançado belga estava adiantado em relação à linha da bola.
A Eslováquia foi poupada a uma ilegalidade naquela situação e foi reposta justiça no espaço de poucos segundos.
Mais tarde e com drama adicional (lance aos 88') entrou em campo uma nova tecnologia, esta infalível e fruto de elevado investimento por parte da instância que gere o futebol no velho continente: as bolas de jogo utilizados nesta prova têm microchips instalados que permitem detetar o mais ínfimo toque dado por um jogador.
Neste caso, a ferramenta foi importante para perceber que Openda levou a mão direita na direção da bola, cometendo infração antes do (alegado) golo dos belgas. Nova decisão relevante, novo acerto, nova reposição da verdade no jogo, tudo certo.
Este novo suporte tecnológico será fundamental também naquelas situações em que não se percebe bem se defesa ou atacante tocaram na bola, por exemplo em situações de fora de jogo.
Outro exemplo do seu uso potencial será o esclarecimento em relação à autoria de golos. Quem não se lembra daquele que Portugal marcou no último Campeonato do Mundo (na vitória por dois a zero sobre o Uruguai), atribuído pela FIFA a Bruno Fernandes, com o Cristiano Ronaldo a reclamar gue ‘penteou’ o esférico antes dele entrar na baliza uruguaia? Hoje aqueles sensores que surgiram no nosso ecrã ao estilo de pequeno electrocardiograma conseguiriam esclarecer a questão na hora.
A tecnologia é o melhor que podia ter acontecido aos árbitros e ao futebol de alta competição, onde o valor de cada vitória em campo é mais, muito mais do que meramente desportivo.
Quem preza por um jogo justo, onde erros humanos podem ser factualmente corrigidos no espaço de segundos, não pode ter opinião diferente.