UEFA Euro 2024

É o 10 e mais 10: Inglaterra vence, mas limita-se a cumprir contra a Sérvia

Em estreia na competição, a Inglaterra teve dificuldade em entrar no ritmo do Euro 2024. A Sérvia cortou o fio de jogo da seleção dos Três Leões exceto por um momento, aquele em que Jude Bellingham mostrou porque é o primeiro jogador europeu a participar em três grandes competições e deu os três pontos à equipa de Southgate no grupo C

Matt McNulty - UEFA

A angustiante história futebolística da Inglaterra teve um episódio de tristeza na final do Euro 2020. Em pleno Wembley, a seleção dos Três Leões perdeu nas grandes penalidades frente à Itália. Gareth Southgate repetiu como treinador a catástrofe desportiva de quando falhou o penálti decisivo da meia-final de 1996, como jogador, no mesmo estádio.

Se o desempenho não correr bem no Euro 2024, vai ser a última vez que Southgate terá o seu nome associado – e mesmo assim não se sabe, porque com o azar do senhor... – a um descalabro nacional. O técnico assumiu que se não ganhar a competição, provavelmente, vai sair do cargo.

Não é lícito que isso aconteça. Os jogadores têm qualidade suficiente para renovarem contrato com o seu treinador. Desde logo, Jude Bellingham, o jogador dos grandes palcos que se tornou no primeiro europeu a atuar em três grandes competições antes de completar 21 anos. O médio do Real Madrid cumpre todos os pedidos que o mundo lhe faz. Corre o risco de chegar a velho com tudo ganho e sem nada mais para fazer. Já arrecadou uma Liga dos Campeões e agora quer um Euro?

A ousadia dos miúdos tem disto. Se uma eventual saída de Southgate do cargo de selecionador pode acabar com uma era que começou em 2016, a Inglaterra em si tem futuro. Jude Bellingham dá nome à revitalização, embora também o jogador do Real Madrid já tenha estado envolvido em dissabores.

Médios na versão da Inglaterra que se mostrou na estreia no Euro 2024, contra a Sérvia, em Gelsenkirchen, no grupo C, é um termo vago. Declan Rice andou pelo centro do campo a caçar pardais a tentarem desmarcar-se. Depois, Jude Bellingham apareceu na área como um número nove apesar da camisola dez lhe ficar a matar. Marcou bem lá dentro o golo que desbloqueou a partida para a seleção dos Três Leões. Trent Alexander-Arnold parece ter deixado as lides de defesa e é agora um médio de construção.

Kevin C. Cox

Na ponta final da primeira parte, a Sérvia estabilizou o jogo com bola. Milinkovic-Savic e Gudelj pausaram a circulação e Lukic começou a arriscar mais na ligação aos avançados, ainda que nem sempre de forma bem-sucedida. Kostic, proprietário de um pé esquerdo que coloca chuveirinhos perfeitos na área, saiu lesionado. Mitrovic e Vlahovic perderam assim o principal fornecedor de material aéreo. Nas escolhas iniciais do selecionador Dragan Stojkovic esteve também Andrija Zivkovic, antigo jogador do Benfica que, esta época, no PAOK, fez qualquer coisa como 19 golos e 12 assistências.

Os acessos a Harry Kane eram estradas de terra batida em dias de chuva. Phil Foden, a jogar sobre a esquerda, não esteve muito ativo. Saka, do outro lado, igual. Por isso, o ponta de lança inglês muito teve que trabalhar entre os sempre físicos centrais sérvios para, no mínimo, contribuir nos apoios frontais.

Uma ligeira supremacia da Inglaterra nos minutos iniciais, altura em que surgiu o golo, foi exceção a um jogo em que o conjunto de Southgate esteve desligado do sentido competitivo do mesmo. Apesar da sensação de desleixo da vice-campeã europeia, Harry Kane teve um cabeceamento que o guarda-redes balcânico, Predrag Rajkovic, defendeu para a barra. A maior dificuldade inglesa foi mesmo manter a cadência. Jordan Pickford evitou um desaire entre as duas equipas candidatas a seguir em frente no grupo C que também conta com Dinamarca e Eslovénia.