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Entrevistas Tribuna

Bino ‘Trivelas’, vencedor da Taça pelo Braga em 1966: “Eu já fazia a trivela antes de o Quaresma nascer. Eram proibidas, agora é coqueluche”

Foi uma das peças mais importantes da primeira Taça de Portugal conquistada pelo SC Braga, clube que este domingo volta ao Jamor para enfrentar o FC Porto. Em entrevista à Tribuna Expresso, Albino Sousa, ou Bino ‘Trivelas’, de 82 anos, lembra essa caminhada, “as driblações” e “rabetas” aos defesas, as assistências e até os golos de Perrichon, o inevitável argentino que já sabia o que a casa gastava. O ex-futebolista recorda também o carinho de Torres e Eusébio depois de um jogo com o Benfica e elogia imensamente Sérgio Conceição: “É como antes, faz-me lembrar os nossos treinadores e jogadores antigos”
Albino "Bino" Sousa

Ouvi dizer que era o Bino ‘Trivelas’...
As trivelas têm história, não é? [risos] Eram proibidas, agora é coqueluche.

Eram proibidas porquê?
Porque os treinadores não gostavam, não deixavam que a gente passasse a bola em rosca, que era a trivela. A trivela é uma palavra que foi inventada não sei por quem. Tenho aqui um amigo que andou a descobrir o nome da trivela, porque é que aquelas bolas enroscadas são trivelas. Ele procurou por todo o mundo, com os catedráticos, os sábios, o que era a trivela. Chegou a conclusão que não há resposta. Eu chamava-lhe rosca a esse chuto. A trivela é bonita para quem vê os golos, cantos diretos também, como eu fazia na altura. Não se dava valor à trivela. Mas quando o [Ricardo] Quaresma apareceu a marcar golos na seleção com a parte de fora do pé, pronto... Eu já fazia a trivela antes do Quaresma nascer. Esta gente com mais uns anos viu-me jogar dessa maneira e gostava, então, quando a trivela veio ao de cima, claro: “Oh pá, o fulano já fazia isto há 40 ou 50 anos”. Fiz vários golos de trivela. Hoje dariam valor, mesmo que eu não jogasse nada. Só pela trivela era capaz de ir para o Inter de Milão ou para os Manchesters [risos].

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