Crónica de Jogo

O verão azul do FC Porto continua a tocar nas asas de Galeno e na classe de Iván Jaime

Ao quarto jogo com Vítor Bruno, os dragões somaram a quarta vitória, batendo o Rio Ave por 2-0. Com os reforços Omorodion e Gül na bancada, o FC Porto teve um arranque supersónico, com Galeno a apontar, aos 18 segundos, o golo mais madrugador da história do Estádio do Dragão. Nico também marcou e, depois de uma primeira parte de intenso domínio, o segundo tempo, com os vila-condenses com 10, foi mais de gestão

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Bastaram 18 segundos para juntar felicidade à felicidade, para somar alegria à alegria, para tornar a euforia mais eufórica, o bom momento num excelente momento. Pontapé de saída para o FC Porto, bola na frente, pés de Iván Jaime em ação. Leitura do momento, execução, bola em Galeno. Remate acrobático, 1-0.

Em menos de um terço de minuto, o FC Porto já estava em vantagem contra o Rio Ave. Se o bom arranque de nova era já traz otimismo para os dragões, festejar aos 18 segundos transforma a tarde numa festa, é como atear definitivamente o fogo.

Os protagonistas do 1-0 foram, em boa medida, os reis do jogo. Iván Jaime, com o seu futebol perfumado e de classe, fez duas assistências, continuando a revelar-se o grande reforço que já estava no plantel; Galeno, a lateral ou extremo, está a jogar como um homem possuído, um futebolista numa missão, um Galeno ainda mais Galeno, ainda mais agressivo e pressionante e cheio de energia, um Galeno multiplicado.

Depois de vencer a Supertaça e de superar, nas jornadas iniciais, Gil Vicente e Santa Clara, o 2-0 ao Rio Ave prolonga a felicidade do FC Porto. A primeira parte teve menos golos do que o domínio da equipa de Vítor Bruno poderia ter dado, a segunda foi de descanso, tudo num duelo que começou mal e nunca se endireitou para o Rio Ave, que jogou com 10 desde o final do primeiro tempo, devido à expulsão de Patrick William.

MIGUEL RIOPA

O mais madrugador golo da história do Estádio do Dragão foi o mote para minutos de intenso domínio azul e branco. Na tarde de céu limpo do Porto, com os reforços Samuel Omorodion e Deniz Gül a mostrarem-se à nação portista como espetadores privilegiados, o clima de euforia prévio ao jogo alastrou-se pela partida adentro.

Casa cheia, bom futebol, golos, um Rio Ave subjugado à máquina de Vítor Bruno. Por instantes, parecia que o mundo era um romance do FC Porto com a realidade, um estado de felicidade plena. Os méritos apresentados no 1-0 — dinamismo, velocidade, a precisão de Iván Jaime, a agressividade de Galeno — foram evidenciados noutras jogadas, com os visitantes impotentes perante as trocas de posição dos locais.

Namaso forçou Jhonatan a boa defesa logo aos 7'. Com a ligação entre Pepê, em estreia a titular com Vítor Bruno, e Galeno a ser nota de destaque, o guardião do Rio Ave voltou a evitar o 2-0 em remates dos jovens Martim Fernandes e Vasco Sousa. Jhonatan foi, de longe, o melhor em campo para o Rio Ave.

O natural segundo golo chegaria mesmo aos 30'. João Tomé, que já ficara mal na fotografia do 1-0, perdeu a bola e Galeno foi Galeno, carregando o jogo para a frente como se houvesse algo de inevitável nisso, como se a rotação da terra o empurrasse para a baliza do adversário. Depois, Iván Jaime encontrou Nico González e o ex-Barcelona dobrou a vantagem dos dragões.

A tarde era um monólogo do FC Porto. Aos 35', os da casa somavam oito remates enquadrados com a baliza do Rio Ave, que tinha zero tiros e evidenciava imensas dificuldades para ligar o jogo em posse como o seu treinador gosta.

Luís Freire tentou reagir, com uma invulgar tripla substituição aos 37': saíram João Tomé, Bondoso e Tiago Morais e entraram Fábio Ronaldo, João Graça e Olinho.

No entanto, os vila-condenses mal tiveram tempo para se adaptaram às mudanças tendo 11 jogadores em campo, já que aos 43' Patrick William viu o segundo amarelo e deixou os visitantes com menos um. Ao intervalo, estar só a perder por 2-0 parecia mesmo o melhor que o Rio Ave poderia extrair do desafio.

Com os reforços de que foi privado no começo da época passada, Luís Freire está ainda a retocar a equipa, moldando-a à sua imagem. Rapidamente a deslocação ao Porto tornou-se na tentativa de extrair um mal menor e não na procura de pontos, mas, tendo em conta as circunstâncias, esse exercício de gestão de danos foi logrado. Já com visitas a Sporting e FC Porto, Freire terá tempo para voltar a montar uma equipa de qualidade em Vila do Conde.

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Na segunda parte, o FC Porto foi mais de gestão, mais de controlo e não tão de procura pela baliza adversária. O Rio Ave só por uma vez ameaçou Diogo Costa, com Vrousai, já perto do fim, a falhar a finalização na área.

Jhonatan, na baliza do Rio Ave, evitou as poucas oportunidades azuis e brancas na etapa complementar. O guardião saiu com 10 defesas, evitando tentativas de Pepê, Namaso ou Galeno na segunda parte.

Vítor Bruno aproveitou para lançar Wendell, em estreia na época. Galeno, que terminou como extremo, foi sendo dos mais ativos, mas esbarrou em Jhonatan, saindo para o aplauso unânime do Dragão, estádio que já o tem na história. Que um futebolista tão irrequieto seja o mais rápido de sempre a marcar neste recinto não deixa de ser uma boa conjugação entre estatística e característica.

Quatro jogos, quatro vitórias para Vítor Bruno. Na próxima jornada, a deslocação a Alvalade ditará se o verão continua azul.