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Tribuna Expresso

Crónica de Jogo

Como se derrubam paredes de som turcas? Com golos e muita tranquilidade

Portugal bateu a Turquia por 3-0 e está nos oitavos de final do Euro. Foi um jogo adulto da seleção nacional, que soube resolver cedo, sem sofrer, com várias soluções não só no onze mas também vindas do banco. Perante uma equipa que emocionalmente se desconectou depois de sofrer os primeiros golos, um sinal positivo de Portugal, depois do arranque algo perro com a Chéquia

NurPhoto

Lídia Paralta Gomes, enviada especial ao Euro 2024

Nada nos prepara para a parede de som que chega do muro amarelo, hoje vermelho e branco. Ele são assobiadelas, vaias, o que mais houvesse. O estádio, por vezes, pareceu tremer. Os turcos são barulhentos, apaixonados, mas nada como três golos para os acalmar. No final, tudo o que vinha da mítica bancada do Signal Iduna Park era silêncio, conformismo perante a superioridade de Portugal, que fez um jogo adulto e que soube colocar-se numa posição de tranquilidade bem cedo, com participação positiva de vários jogadores, com controlo absoluto da narrativa.

A parede de som tombou, porque o futebol joga-se, essencialmente, dentro de campo. E aí Portugal conseguiu, a partir dos 20 minutos, tocar fundo nas debilidades turcas, principalmente na defesa. No ataque, inicialmente sem a magia de Guler, a equipa de Montela também raramente assustou. A vitória por 3-0 adequa-se e ninguém acharia estranho se tivesse sido por outros números.

Desde cedo se percebeu que o jogo com a Turquia pouco teria a ver com o encontro de estreia, com a Chéquia. Houve intensidade logo a abrir e cedo Portugal conseguiu ultrapassar a pressão turca e deu sinal de perigo logo no início, com um bom golpe de corpo do Bruno Fernandes a abrir espaço para o trote até à baliza. O remate de Cristiano saiu, porém, frouxo.

A Turquia acusou o toque e organizou-se, fechando as linhas para a seleção nacional avançar. Montella trouxe isto aos turcos, um pouco de pragmatismo e cabeça fria. No ataque, não eram necessários grandes rendilhados para chegar à baliza de Diogo Costa. Ainda antes dos 10 minutos, Ferdi Kadioglu mudou o flanco da jogada para o lado esquerdo, com um passe longo, e Kerem Akturkoglu quase chegava a tempo de responder ao cruzamento ao segundo poste.

O coração fazia o resto para os turcos, numa equipa muito disponível fisicamente. Mais uma vez com pouco jogo interior, que já tinha sido um problema a espaços no jogo com a Chéquia, o golo de Portugal apareceu quando a sociedade do lado esquerdo finalmente funcionou: combinação Rafael Leão e Nuno Mendes, com o cruzamento do lateral a receber um corte que tirou Ronaldo da jogada, mas não Bernardo Silva, até então algo apagado. Antes ainda da meia-hora, a tendência para o erro dos jogadores turcos permitiu que Portugal aumentasse a vantagem de maneira algo bizarra: a um desentendimento entre Cancelo e Ronaldo, a Turquia respondeu com uma atrapalhação entre Akaydin e o guarda-redes Bayindir, com o atraso do defesa a ir parar ao interior da baliza. Só acontece a quem lá está dentro, diga-se.

Houve resposta turca à desvantagem, com Akturkoglu quase sempre em destaque do lado esquerdo do ataque. Logo após o segundo golo de Portugal - e segundo autogolo nesta competição a beneficiar a seleção nacional - driblou entre Cancelo e Bernardo, mas Diogo Costa estava lá para defesa segura. Com o adversário balançado para a frente, Portugal ia espreitando os espaços. Em transição, Bruno Fernandes teve oportunidade de rematar, mas o tiro saiu-lhe mal. Do outro lado, Pepe ia limpando, com a serenidade de um veterano de 41 anos, tudo aquilo que o meio-campo não conseguia travar.

Não totalmente satisfeito estaria no entanto Roberto Martínez, que ao intervalo tirou Palhinha e Leão, ambos amarelados, para lançar Rúben Neves e Pedro Neto. A Neves pedia-se a capacidade de passe longo para uma defesa com muitas dificuldades no controlo da profundidade e o jogador do Al Hilal ofereceu-a de imediato. Cantavam os adeptos turcos pelo menino Arda Guler, no banco, com problemas físicos, quando o médio encontrou a desmarcação de Cristiano que, nada egoísta, e com tudo para marcar, assistiu um ainda mais isolado Bruno Fernandes. Tudo fácil. Recorde de mais assistências em Campeonatos da Europa? Agora também é dele. Por esta altura, nem um pio se ouvia da Muralha Amarela, agora vermelha e branca, e pouco mais se ouviu até final do jogo. A bancada portuguesa retribuiu o gesto de Ronaldo gritando pelo capitão. Não só de golos se faz uma lenda.

O terceiro golo fechou definitivamente as dúvidas que existiriam sobre o vencedor, num jogo que Portugal conseguiu resolver cedo e na 2.ª parte geriu com tranquilidade. Os adeptos turcos acordaram momentaneamente com a entrada de Arda Guler, aos 70’, mas o miúdo, além do óbvio belo toque de bola, pouco conseguiu ajudar uma equipa desarticulada e descrente com o resultado negativo e com as expectativas, que eram muitas, amordaçadas. E ainda levou, às tantas, uma lição de Pepe, um rapaz 22 anos mais velho que a estrela turca. Bem-vindo aos grandes palcos, menino.

Fica a sensação que Portugal só não marcou mais por manifesta falta de vontade - talvez por resguardo porque o torneio pode ser longo - tais foram os espaços que se abriram. As bancadas gritaram “só mais um”, mas esse mais um não apareceu. Três foram os golos, menos um que os quatro espontâneos que entraram em campo para tirar uma selfie com Cristiano Ronaldo. Nos últimos minutos, a Turquia teve mais bola e cirandou a área portuguesa, mas sem capacidade de construir verdadeiras oportunidades, mostrando debilidades não só a defender mas também em ataque organizado.

Vitória tranquila para Portugal em Dortmund, que garante a qualificação para os oitavos de final e fica bem perto de garantir o 1.º lugar do Grupo F. Depois das dúvidas do primeiro jogo, está aqui um crescimento. A experiência importa muito, às vezes bem mais do que um muro.

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