Um ano depois, lá estava Portugal de volta a Inglaterra. Passados 12 meses, muito está igual na terra do football: o entusiasmo em torno da equipa nacional, a qualidade do conjunto de Sarina Wiegman, o 4-4-2 losango de Francisco Neto. Só que, agora, as portuguesas estão em vésperas de uma viagem única para o nosso futebol.
A poucos dias da partida para a Austrália e Nova Zelândia, Portugal fez uma visita à elite mundial, embate de preparação para o que encontrará do outro lado do Mundial. E se não se pode dizer que tenha igualado a contenda ou repartido o domínio, o sofrimento perante as dificuldades colocadas por uma das favoritas ao título na Oceânia valeu um empate que recompensa a resistência.
Um 0-0 construída na base do sacrifício, da ajuda mútua atrás, de atos heroicos, como o corte de Ana Borges em cima da linha, ou até da sorte, que levou duas bolas a baterem nos ferros de Inês Pereira. Um nulo que pode motivar, apesar da preocupação com Kika, que saiu lesionada e em lágrimas.
Em Milton Keynes, a 70 quilómetros a norte de Londres, 30.000 pessoas criaram um ambiente de jogo grande, cavalgando o entusiasmo que há em Inglaterra em torno das campeãs da Europa. Francisco Neto tinha dito que o amigável serviria para “perceber em que patamar está” a seleção e, a 22 dias da estreia no Mundial frente aos Países Baixos, Portugal sentiu as esperadas dificuldades frente a uma das melhores equipas do futebol internacional, mas mostrou-se competitiva e resistente.
Com o 4-4-2 losango habitual, a equipa de Francisco Neto sofreu, nos primeiros minutos, perante as alas voadoras de Sarina Wiegman, nomeadamente a canhota Lauren Hemp, que parece uma gazela a galopar pela esquerda. Logo aos 5', a atacante cruzou para Rachel Daly, que cabeceou para apertada defesa de Inês Pereira.
Portugal, fiel à sua ideia, tentava sair a jogar desde trás, também se esticando para incomodar a primeira fase de construção inglesa. As chegadas perto de Mary Earps foram raras — as visitantes não criaram nenhuma verdadeira oportunidade de golo —, mas nalguns momentos a equipa nacional teve bons momentos com bola, surgindo os melhores quando Andreia Norton e Kika conseguiam ligar algum futebol por zonas interiores.
Nos últimos 25 minutos do primeiro tempo, Inglaterra criou menos perigo, mas em cima do intervalo houve bola nos ferros, com Georgia Stanway a acertar na barra.
A segunda parte arrancou com a pior das notícias na antecâmara de uma grande competição: a lesão de uma jogadora.
Kika Nazareth, após lance com Keira Walsh, teve de sair com problemas físicos, sendo substituída por Ana Capeta. A craque do Benfica, uma das maiores esperanças nacionais para a Nova Zelândia e Austrália, saiu do campo com algumas lágrimas escorrendo pela face, na pior imagem da tarde para Francisco Neto.
A partir daí, vieram os piores momentos de Portugal no jogo, ali entre os 55' e os 80'. Hemp cabecou com perigo, antes de dupla oportunidade desperdiçada por
Alessia Russo. Aos 59', a avançada isolou-se, tirou Inês Pereira da frente e atirou para 1-0. Ana Borges, com a contundência e quase espírito de missão que a caracterizam, evitou o golo. Foi como que um resumo da atuação portuguesa, tapando os caminhos para a baliza, resistindo, mantendo o nulo. Logo a seguir, Russo acertou no poste de cabeça.
Na parte final do particular, as inglesas continuaram a dominar, mas com menos perigo para Inês Pereira. Francisco Neto ainda lançaria Lúcia Alves, Andreia Jacinto, Carolina Mendes e Telma Encarnação. Antes da viagem para o outro lado do mundo, segue-se um amigável contra a Ucrânia, dia 7, no Bessa.