Automobilismo

Dilúvio antecede treinos das 24 Horas TT de Fronteira

As fortes chuvadas caídas durante quinta-feira tornaram quase intransponíveis algumas das linhas de água cruzadas pela pista onde se desenvolve a mais popular corrida de resistência portuguesa

A água marca, para já, esta edição das 24 Horas de Fronteira
ACP/Paulo Maria

“Tínhamos feito um contrato com o São Pedro para não chover no dia da prova mas esquecemo-nos de ler as letras pequenas. Não dizia nada sobre os dias anteriores…” Foi assim que o presidente da câmara de Fronteira comentou o efeito das chuvadas de quinta-feira (30 de Novembro) sobre a pista das 24 Horas. Rogério Silva falava na apresentação do livro editado pelo ACP (entidade organizadora da prova (comemorativo dos 25 anos desta corrida), livro esse escrito por dois jornalistas: Alexandre Correia, director da revista Todo-o-Terreno e o autor desta crónica.

No briefing realizado na mesma ocasião com a presença das quase 90 equipas presentes em Fronteira, o director da prova, Orlando Romana informou que por razões de segurança o traçado será alterado durante os treinos (hoje sexta-feira, dia 1 de Dezembro) e eventualmente durante as primeiras horas da prova (ou seja a partir das 15 horas de sábado dia 2 de Dezembro). Serão utilizadas as pontes sobre as três principais linhas de água enquanto o nível das ribeiras e a força da corrente não voltarem ao normal. O que tem dois problemas: obriga a circular nessa zona a velocidades muito baixas (máximo de 30 km/h) e irá degradando as saídas das pontes, transformadas num labirinto de regueiras cada vez mais profundas.

Uma chuvada bíblica

Durante a tarde de quinta-feira tive oportunidade de dar uma volta à pista, já debaixo de uma chuvada monumental. Os 240 cv do Jeep Compass PHEV e o respectivo sistema de tracção (carro que testava no contexto do concurso Carro do Ano) foram postos à prova: ribeiras fundas e com muita corrente, regatos a atravessar a pista de 50 em 50 metros e poças sem fundo. À noite, quando utilizei parte do traçado das BP Ultimate 24 Horas de Fronteira para ir dormir como habitualmente à mais hospitaleira das casas alentejanas – o Monte da Coutada de Baixo – as condições eram ainda piores: onde costumava haver uma recta a anteceder um gancho para a direita havia 200 m de rio fundo, iluminado pelos faróis dos jipes do posto de controlo li montado. A equipa de comissários do posto 15 com o infatigável Frederico Antunes só de lá saiu às dez da noite depois de improvisar uma vala de escoamento…

Música e corrida

Agora que se aproxima a hora dos treinos de qualificação (a partir das 14 horas de hoje, sexta-feira) a pista apresenta-se bastante mais seca mas ainda com algumas marcas deixadas pelo dilúvio. A festa começará esta noite na envolvente da zona das boxes com um concerto dos Xutos e Pontapés – não é todos os dias que uma prova desportiva portuguesa com projecção internacional como é o caso desta, faz 25 anos. Pela parte que me toca, corri em todas as edições da prova, conforme conto no livro atrás referido “Era uma vez em Fronteira”, edição ACP. E uma vez mais, em sucessivas crónicas publicadas aqui na “Tribuna”, contarei ao estimado leitor as emoções desta corrida vistas na mais invejável das perspectivas: através do pára-brisas do velhinho mas fiável Nissan Patrol GR que nos acompanha nestas lides desde o ano 2000.