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Antigo campeão nacional de bodyboard está desaparecido na Tailândia há três semanas. Governo português em contacto com as autoridades

Daniel dos Santos está desaparecido na ilha de Koh Pha Ngan, na Tailândia, desde 16 de novembro. O alerta foi dado pela sua mulher e confirmado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, que garante estar “em contacto permanente” com os familiares do campeão nacional de bodyboard de 1993

Uma das entradas na cidade de Thong Sala, da ilha de Koh Pha Ngan, onde Daniel dos Santos foi visto pela última vez.
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“Temos medo que tenha entrado no mar e não tenha regressado.” A frase consta na publicação feita, a 26 de novembro, por Avalon Giulianon no ‘Quantos Bodyboarders Somos em Portugal’, um grupo de Facebook dedicado à modalidade de ondas em que uma pessoa vai deitada numa prancha. A mulher, de nacionalidade norte-americana, descreveu-se como a mulher de Daniel dos Santos e relatou o desaparecimento do marido em Koh Pha Ngan, ilha no Golfo da Tailândia, sudoeste do país, onde residem com os dois filhos. O português está em parte incerta desde 16 de novembro.

No post deixado na rede social, a mulher relatava que tinha encontrado “os pertences” de Daniel dos Santos debaixo de uma árvore “vários dias após ter desaparecido”. Também se queixou da “falta de ajuda” da polícia tailandesa, urgiu as pessoas a “aplicarem pressão” e pediu que “bombardeassem” a Embaixada de Portugal na Tailândia de modo “exigirem” que atuem e “obriguem” as autoridades locais a “realizarem buscas”. Noutros comentários ou mensagens, Avalon Giulianon lamentou a falta de resposta e de ajuda dos serviços consulares portugueses.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) confirmou à Tribuna Expresso que está em “contacto regular” com o braço homónimo do governo tailandês “para acompanhar a evolução do processo”. Garantiu igualmente que se mantém “em contacto permanente com os familiares” do campeão nacional de bodyboard em 1993, “nomeadamente a sua mulher e uma sua irmã”, a quem “tem prestado todo o apoio possível e facultado todas as informações e conselhos que têm sido transmitidos pelas próprias autoridades tailandesas”.

Um deles, acrescentam, é que o desaparecimento seja comunicado “às autoridades policiais portuguesas” para que “o processo seja igualmente seguido pelas várias polícias e, mesmo, a Interpol”.

Em entrevista à “Renascença”, na terça-feira, a mulher de ‘JoJo Mariani’, alcunha do antigo bodyboarder de competição, contou que o marido saíra de casa após uma discussão familiar, mas ainda se tinham visto no dia seguinte, portanto a 17 de novembro, no centro de Thong Sala, a principal cidade da ilha e onde atraca a maioria dos barcos que a ligam a outros destinos. A norte-americana criticou “a falta de polícias nas operações de busca”, alegando estar a ser ela, na companhia dos filhos, a realizar esses trabalhos.

Assim que soube do desaparecimento de Daniel dos Santos, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, liderado por Paulo Rangel, informou a Tribuna Expresso que contacto “imediatamente” a Royal Thai Police, dando conta de que a embaixada portuguesa na Tailândia “está igualmente em contacto com a Tourist Police”.

Ainda na conversa com o site da “Renascença”, Avalon Giulianon contou que seguiu o sinal de GPS de um tablet do português, tendo descoberto “num parque de estacionamento” os “chinelos dele, os óculos de mergulho, a carteira dele, o passaporte e o mais interessante”, como explicou: “As joias dele. Uma coisa sobre o meu marido é que ele coloca ouro raro de diferentes partes da Ásia e coloca tudo isso num amuleto. Qualquer pessoa normal roubaria isso.”

A ilha de Koh Pha Ngan é popular nas preferências turísticas pela festa mensal que ocorre numa das suas praias, a cada lua cheia, conhecida por juntar centenas de pessoas, sobretudo jovens. Nos últimos anos, têm sido noticiados alguns raptos e assassinatos de estrangeiros na ilha. “Estou num país de terceiro mundo, que não tem autoridades capazes de me ajudar, a mim e às duas crianças. (…) Se a pressão por parte de Portugal for maior, o governo local também vai fazer mais. (…) Estamos sem dinheiro, sentimo-nos presos aqui. Não sabemos o que fazer”, desabafou, ainda, à “Renascença”.