O que encontrou quando chegou ao Shakhtar Donetsk, em 2019/20, como adjunto de Luís Castro?
Um clube gigante, jogadores fantásticos, estrutura muito bem preparada para quem ganha muitas vezes. Uma ideia bem definida daquilo que era a mistura entre jogadores consagrados e jovens jogadores a crescer, para quando os primeiros saíssem estes estivessem preparados para integrar essas mesmas posições. Já estava tudo muito oleado. Uma equipa que nos deu a oportunidade de experimentar a Liga dos Campeões.
Que impacto é que teve?
Era o nosso sonho. Falo por todos. Estrear na Liga dos Campeões contra o Manchester City, do Guardiola, em casa... A sensação é incrível. É olhar para trás e perceber que todos os sacrifícios estão a ser recompensados no momento em que ouves aquele hino da Champions e vês a bandeira a mexer no círculo central. Só 5% dos treinadores no mundo têm uma experiência destas. Estar a jogar àquele nível, com aqueles jogadores, com o estádio cheio, naquela que era considerada a melhor competição do mundo de clubes... Agora a Libertadores também tem um nível bom, mas aquilo é o expoente máximo do futebol. Tu sonhas com aquilo, é o que te leva a continuares a trabalhar sob grandes dificuldades, sob grande pressão, sob exaustão e stress constante. É aquilo que te alimenta para teres uma grande estabilidade emocional, para continuares a desenvolver trabalho. E esse ano leva-nos à meia-final da Liga Europa, leva-nos a grandes jogos europeus.
Como são os adeptos ucranianos?
São muito tranquilos. Muito fervorosos em relação ao seu clube, mas a cultura desportiva está a um nível que não estava à espera. Está avançada. Respeitam muito o adversário. Obviamente existem algumas fações que são mais combativas, mas nunca tivemos problemas com adeptos. Jogámos com o Dínamo de Kiev, em Kiev, e saímos do estádio a pé para apanhar um táxi e ir para casa. Veja-se o respeito que existe. Em Portugal é impensável sair do estádio do Sporting, ou do Benfica, e ir para casa sozinho no meio dos adeptos. Não acontece. Ter sido campeão ali foi muito bom porque é um clube vencedor e há essa pressão de ser campeão.